IX Encontro de Professores de Arte de Mato
Grosso do Sul e V Seminário: Diálogos Visuais e Culturais no Cenário da
Pesquisa em Mato Grosso do Sul
Prof.ª Me. Maria Celéne de Figueiredo Nessimian
Coordenadora Geral do Polo Arte na Escola/UFMS
Prof.ª Me. Maria Celéne de Figueiredo Nessimian
Coordenadora Geral do Polo Arte na Escola/UFMS
Profa Ma.
Aline Sesti Cerutti
Coordenadora Pedagógica do Polo Arte na Escola/UFMS
Para este evento,
será desenvolvida a temática “Arte e Mundo: identidade e alteridade” em
forma de palestras e oficinas em duas etapas.
A primeira etapa
nos dias 20 e 21 de agosto/2015 será a primeira palestra: “A Arte para pensar a
nossa condição no mundo: questões de identidade e alteridade” e a oficina:
“Ensino de Arte: questões de identidade e alteridade”.
A segunda etapa nos
dias 29 e 30 de outubro a segunda palestra: “O Universo como Lar: religação
Sensível do Ser com a Natureza na perspectiva da Arte” e a oficina a
“Exploração do Sensível no Exercício do Conhecer e do Fazer Artístico”.
Esta ação, mais uma
vez, oportunizará a continuidade da divulgação e mediação das atividades e
potencialidades do Polo Arte na Escola - UFMS com sua clientela específica, bem
como favorecerá uma maior aproximação entre os professores de arte, possibilitando-lhes
uma troca efetiva de experiências e a oportunidade da proposição de novas ações
de educação continuada.
A temática “Arte e Mundo:
identidade e alteridade”
A arte tem um papel
importante pela possibilidade expressiva e função estética reflexiva, sobre as
questões culturais a serem abordadas sobre a violência, a questão de gênero e
as temáticas étnico-culturais.
Os diálogos
culturais e visuais, no espaço mediado de ensino de arte, podem proporcionar a
formação da consciência e das identidades culturais, compreendidas como
dinâmicas e em constantes processos intercambiais.
Os ambientes
educativos de ensino de arte, em escolas ou museus, tornaram-se espaços
profícuos de diálogos reflexivos entre a arte e a cultura. Os mediadores dessa
tarefa são o professor de Arte, o produtor cultural e o artista, propositores
de um diálogo interativo com a sociedade, que dessa forma, intervêm na
reprodução ou ressignificação de ideias, valores e representações
socioculturais.
Segundo Teixeira
Netto (1986), em uma intervenção sociocultural, a mediação cultural promove a
aproximação entre indivíduos ou coletividades com as obras de cultura e arte,
tendo como objetivo, facilitar a compreensão da obra, seu reconhecimento
sensível e intelectual. Possibilita ainda a formação de um público apreciador e
espectador de cultura.
Na primeira etapa nos dias
20 e 21 de agosto/2015, com a palestra ministrada pela artista visual Profa.
Dra. Rosana Paulino, propõe reflexões a partir do tema: “A Arte para pensar a
nossa condição no mundo: questões de identidade e alteridade” e a oficina:
“Ensino de Arte: questões de identidade e alteridade”.
Rosana Paulino desenvolve sua produção relacionada a questões sociais, étnicas e de gênero. O foco principal dos seus
estudos é a posição do negro e, da mulher negra dentro da sociedade brasileira.
Os processos
multiculturais e interculturais favorecem o acesso à diversidade de acervos
visuais e culturais, dando visibilidade a povos pouco vistos ou excluídos da
História da Arte, como dos afrodescendentes e a dos indígenas. Apesar da
promulgação da Lei N 11.645, de 10 de março de 2008, que propõe na Educação
Básica trabalhar com a História e Cultura Africana e Afro- brasileira e
Indígena, ainda encontramos lacunas sobre essas temáticas na
escola.
A presença da arte e da cultura africana ressignificou-se na cultura dos
afrodescendentes brasileiros. São práticas culturais híbridas que nascem
permeadas de mesclas diversas entre culturas distintas, entre etnias, também
pela dialética do erudito e do popular, entre o tradicional e o moderno,
produzindo sentido nas construções religiosas ou profanas, observadas, por
exemplo: no Candomblé, na Congada, na Folia de Reis, na Festa de São Benedito,
no Tambor de Criola e outras manifestações que se recriam e se multiplicam
nas comunidades dos estados. Para reflexão e compreensão da arte e cultura
referentes às Africanidades, concordamos com Serrano (2008) quando diz ser
necessária a interconexão de diversas disciplinas e de campos de conhecimento:
da História, da Geografia, da Sociologia, da Ciência Política e
outras, para a compreensão da afro descendência na atualidade.
A segunda etapa com a palestra cujo
tema: “O Universo como Lar: religação Sensível do Ser com a Natureza na
perspectiva da Arte” e a oficina “Exploração do Sensível no Exercício do Conhecer
e do Fazer Artístico”, será ministrada pela arte educadora, pesquisadora e artista visual Profa. Dra. Dália Rosenthal – ECA/USP. Coordena diferentes projetos tais como Ateliê
Nossa Casa e o Projeto Viveiro: Arte, Memória, Educação e Meio Ambiente (Prêmio
SGA/2013). Desenvolve metodologias e abordagens para a realização de uma
prática transdisciplinar no diálogo entre Arte, Educação Planetária,
Sustentabilidade e Cultura de Paz.
O diálogo entre a
arte, a cultura e a educação promove o exercício da cidadania cultural em
espaços formais ou não formais, como nas comunidades e escolas. Gruman (2010,
p. 6) escreve sobre a importância da arte e da cultura nos espaços educativos
participativos de múltiplos contextos simbólicos e compartilhamento de identidades,
estratégia para a construção da cidadania cultural, “expressão que diz respeito
à superação das desigualdades, ao reconhecimento das diferenças existentes
entre os sujeitos em suas dimensões social e cultural”.
A ideia de cidadania cultural é apontada em
uma perspectiva democrática considerando os indivíduos como sujeitos políticos,
com direito à cultura não só como informação e reflexão, mas
também:
(...) o direito de produzir cultura; o direito de usufruir os bens da
cultura; o direito à invenção de novos significados culturais; o direito à
formação cultural e artística; o direito à experimentação e ao trabalho
cultural crítico e transformador. Reconhece-se que a cidadania também se
constrói a partir do respeito às formas como os indivíduos se vêem e, mais
ainda, querem ser vistos pelos outros (GRUMAN, 2010, p.6).
É, nessa
perspectiva, que os diálogos culturais e estéticos são propostos no intuito de
propiciar debates e reflexões sobre as identidades e alteridades no mundo.
REFERÊNCIAS
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade
Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 2001.
BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Lei
11.645, de 10 março de 2008. DO. da União de 11 de março de 2008.
GRUMAN, Marcelo. Sobre o
ensino de artes no Brasil: notas para reflexão Sobre os conceitos de cultura e
arte- convergências. México, outubro de 2010. Disponível em:
<http://www2.cultura.gov.br/site/2010/11/08/sobre-o-ensino-de-artes-no-brasil-notas-para-reflexao/
> Acesso em 20/05/2013.
SERRANO, Carlos. WALDMAN,
Maurício. Memória D”África: A temática em sala de aula.
São Paulo: Ed. Cortez, 2008.